Remédios que emagrecem rápido: medicações e suplementos que promovem uma perda de peso veloz existem?

Muitas pessoas que buscam emagrecer rapidamente acabam recorrendo a medicações e suplementos que prometem resultados rápidos. Mas será que esses remédios realmente promovem uma perda de peso saudável e eficaz? E, mais importante, quais são os medicamentos liberados no Brasil para esse fim?

Por Dra. Lielli Pollheim – Médica | CRM-SC 23703

 

Medicações liberadas para emagrecimento no Brasil

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) permite o uso de algumas medicações para o tratamento da obesidade, mas todas devem ser prescritas e acompanhadas por médicos especializados, como endocrinologistas ou nutrólogos. Entre os medicamentos liberados estão:

  1. Sibutramina

   A sibutramina age no sistema nervoso central, aumentando a sensação de saciedade e controlando a fome emocional.

  1. Liraglutida (Saxenda)

   A liraglutida é um medicamento injetável que atua no controle da fome física. Ela imita um hormônio natural do intestino que regula o apetite e, além de ser usada para tratamento da obesidade, também é indicada para pacientes com diabetes tipo 2.

  1. Semaglutida (Rybelsus e Wegovy)

   A semaglutida é uma medicação que tem se destacado no tratamento da obesidade. No Brasil, está disponível em duas formas para tratar obesidade/sobrepeso: Rybelsus, que é oral, e Wegovy, que é injetável. Ambos atuam de forma semelhante à liraglutida, imitando o hormônio GLP-1, que aumenta a saciedade e diminui a fome física.

  1. Orlistate

   O orlistate age bloqueando a absorção de parte da gordura ingerida na alimentação e elimentando através das fezes.

  1. Lisdexanfetamina (Venvanse)

  A  Lisdexanfetamina é a única anfetamina aprovada no Brasil para o tratamento do Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica (TCAP). Ela age no sistema nervoso central, aumentando a liberação de neurotransmissores como dopamina e norepinefrina, o que ajuda a controlar os impulsos alimentares e a compulsão. Ao reduzir os episódios de compulsão alimentar, o Venvanse pode auxiliar indiretamente no controle de peso. Seu uso deve ser restrito a pacientes com diagnóstico de TCAP e sempre sob supervisão médica rigorosa.

  1. Contrave (Bupropiona + Naltrexona)

   O Contrave é uma combinação de bupropiona, um antidepressivo que também ajuda a reduzir o apetite, e naltrexona, que potencializa os efeitos de controle da fome emocional. Essa medicação atua em áreas do cérebro responsáveis pela regulação da fome emocional e da vontade de comer. Ele tem sido utilizado no Brasil como parte do tratamento para obesidade, ajudando a controlar a compulsão alimentar e a fome emocional.

Remédios que emagrecem
Remédios que emagrecem

A base do emagrecimento: déficit calórico e hábitos saudáveis

Embora esses medicamentos ajudem a controlar a fome física e emocional, é importante lembrar que o principal mecanismo de perda de peso continua sendo o déficit calórico. Ou seja, é preciso consumir menos calorias do que o corpo gasta ao longo do dia (de nada adianta usar medicações, se você não estiver cuidando das suas escolhas alimentares e mantendo-se ativo fisicamente).

 As medicações para emagrecimento podem ser ferramentas valiosas para facilitar a restrição calórica ao diminuir o apetite quando bem indicadas por um médico especialista, mas nenhuma medicação sozinha garante o emagrecimento. É fundamental associar o uso de medicamentos a uma alimentação balanceada e à prática de atividades físicas. Sem essas bases, o efeito das medicações é limitado e os resultados a longo prazo podem ser insatisfatórios.

Medicações: um tratamento com acompanhamento médico

O uso de remédios para emagrecimento deve ser sempre feito sob supervisão de um médico especialista. Médicos endocrinologistas e nutrólogos são capacitados para avaliar cada caso individualmente, prescrever a medicação mais indicada e ajustar as doses conforme necessário. Além disso, eles irão monitorar possíveis efeitos colaterais e garantir que o tratamento seja seguro e eficaz.

É fundamental entender que o uso indiscriminado de medicações pode trazer riscos à saúde. Automedicar-se, além de perigoso, raramente resulta em uma perda de peso sustentável.

E os suplementos que prometem emagrecimento rápido?

Além das medicações, muitos suplementos prometem perda de peso rápida. No entanto, é importante ter cautela, pois a maioria desses produtos não tem comprovação científica e pode conter substâncias que não são regulamentadas ou seguras. Suplementos termogênicos, por exemplo, podem acelerar o metabolismo, mas também aumentam o risco de efeitos colaterais como taquicardia e insônia.

Assim como os medicamentos, os suplementos devem ser utilizados com orientação profissional, e não devem ser vistos como substitutos para uma alimentação saudável e a prática de exercícios físicos. Portanto, não se iluda com promessas milagrosas para o emagrecimento!

Conclusão: o caminho saudável para o emagrecimento

Embora existam medicações que ajudam no processo de emagrecimento, o foco deve estar sempre em mudanças de hábitos duradouras. Medicamentos e suplementos podem ser aliados importantes para o tratamento da obesidade e sobrepeso (mas sempre quando bem indicados e acompanhados por médico especialista, ok?!), mas é o controle alimentar, a prática de exercícios e o déficit calórico que garantem o sucesso a longo prazo. Portanto, sempre consulte um especialista antes de iniciar qualquer tratamento e lembre-se de que a base do emagrecimento sustentável é o déficit calórico associado a um estilo de vida saudável.

Referências:

1. Halpern, B., et al. (2021). Pharmacotherapy for obesity in patients with metabolic syndrome. *Frontiers in Endocrinology*, 12, 700. Disponível em: [https://doi.org/10.3389/fendo.2021.700](https://doi.org/10.3389/fendo.2021.700)
2. Pi-Sunyer, X. (2015). Pharmacotherapy of obesity. *Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism*, 100(2), 342-352. Disponível em: [https://doi.org/10.1210/jc.2014-3410](https://doi.org/10.1210/jc.2014-3410)
3. Astrup, A., et al. (2020). Medical management of obesity. *The Lancet*, 395(10231), 1601-1610. Disponível em: [https://doi.org/10.1016/S0140-6736(20)30743-9](https://doi.org/10.1016/S0140-6736(20)30743-9)

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